Três e-books gratuitos de História que você precisa conhecer
A produção científica e intelectual brasileira na área de História não é modesta. Dos grandes sucessos editoriais aos lançamentos independentes, diversas obras vem explorando temáticas essenciais para a compreensão da realidade brasileira. Dentro desse conjunto, vale a pena destacar um tipo de livro que tem crescido significativamente nos últimos anos: os e-books gratuitos. De fácil publicação e de alcance amplo, os e-books tem sido um meio importante de divulgação das pesquisas históricas. Fruto do comprometimento de diferentes intelectuais com a difusão do conhecimento, na maioria das vezes vinculados a instituições públicas de ensino, essas obras são fontes indispensáveis para quem busca novas perspectivas ou a análise de assuntos pouco conhecidos. Pensando no potencial dos e-books, listamos 3 livros gratuitos de História que você precisa conhecer. Confira e baixe a sua cópia gratuitamente:
De autoria de Marília Lima de Araújo, o livro é resultado de uma dissertação defendida na Universidade Federal de Alagoas e que foi contemplada com o prêmio de melhor pesquisa no Programa de Pós-graduação da UFAL. O tema da obra é, de fato, de grande relevância: um estudo de famílias constituídas no âmbito da escravidão. O livro centra a análise na província de Alagoas durante o Brasil Império, mais especificamente no sertão alagoano, região na qual predominava a posse de pequenos plantéis de escravos. A partir daí, a autora explora as vivências familiares possibilitadas a partir deste contexto, sem deixar de observar as especificidades da escravidão no sertão e o funcionamento do comércio interno de escravos. A obra, de grande importância, aprofunda a temática da família escrava, que desde a década de 1980 tem sido investigada pela historiografia brasileira.
2) O Ensino de História da África, da Cultura Afro-brasileira e Indígena: Múltiplos Olhares
Organizado por Eulália Maria Aparecida de Moraes, Otávio Ribeiro Chaves e Ricardo Tadeu Caires Silva, o livro publicado pela editora da UNEMAT (Universidade Estadual de Mato Grosso) apresenta 10 textos produzidos por pesquisadores de diferentes localidades do Brasil e que analisam o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena. A reflexão é motivada pelas leis 10.639/03 e 11.645/08, que instituíram a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, do país. A partir de diferentes perspectivas, os artigos discorrem sobre a aplicabilidade das ditas leis no cotidiano escolar. Criticando o olhar eurocêntrico que tradicionalmente predomina nas escolas brasileiras, a obra tem o mérito de propor novos rumos para o ensino de História no Brasil.
3) De Cunhã a Mameluca a mulher tupinambá e o nascimento do Brasil
Neste livro muitíssimo revelador, João Azevedo Fernandes revisita a cultura Tupi e destaca a importância das mulheres indígenas em detrimento da hegemonia masculina tão repetida nos estudos tradicionais. Aliando brilhantemente História e Antropologia, Fernandes redimensiona as mulheres tupinambás como protagonistas da História, respeitadas no interior do universo Tupi. E não apenas da história tupinambá, mas também da colonização na América portuguesa: mesmo diante da violência introduzida pelos conquistadores europeus, as mulheres indígenas foram capazes de construírem relações com os recém-chegados portugueses, desempenhando papel essencial na formação histórica da família brasileira. A mameluca, resultado das múltiplas interações entre europeus e indígenas, simboliza a adaptabilidade destas mulheres ao avanço desestruturador e agressivo do processo de colonização. Uma obra brilhante e inovadora que em certa medida corrige e complementa a clássica interpretação de Gilberto Freyre sobre a sociedade brasileira.
Luís Rafael Araújo Corrêa é professor do Colégio Pedro II e Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Autor de artigos e livros sobre História, como as obras Feitiço Caboclo: um índio mandingueiro condenado pela Inquisição e Insurgentes Brasílicos: uma comunidade indígena rebelde no Espírito Santo colonial.